sábado, 18 de janeiro de 2014

Jovem e Bela

Ficha Técnica
Título Original: Jeune et Jolie.
Direção: François Ozon. Roteiro: François Ozon. Produtores: Eric Altmayer, Nicolas Altmayer.
Elenco: Charlotte Rampling, Fantin Ravat, Frédéric Pierrot, Géraldine Pailhas, Johan Leysen, Marine Vacth.
Países de Origem: França. Estréia Mundial: 2013.

Sinopse
Durante uma viagem de verão com a família, a jovem Isabelle (Marine Vacth) vive a sua primeira experiência sexual. Ao voltar para casa, ela divide o seu tempo entre a escola e o novo trabalho, como prostituta de luxo. A adolescente explora a sua sexualidade e logo começa a ganhar dinheiro com os seus clientes, mas um incidente irá fazer com que a sua mãe, Sylvie (Géraldine Pailhas), descubra as suas atividades secretas. Ao longo das quatro estações do ano, Isabelle irá viver diversas experiências, passando por altos e baixos.

Assistido em: 18 de Janeiro de 2014.
Avaliação: 10 Estrelas (Obra de Arte)

Minha Crônica
Já tinha uns quatro meses que eu não me sentia tão feliz, emocionado e sensibilizado por estar diante de uma verdadeira Obra de Arte. Esse é um filme que eu deveria ter visto no cinema, e vou se um dia tiver essa oportunidade. Mas eu ainda quero pensar mais sobre esse filme, e para isso não há nada melhor do que o assistir de novo, de novo, e de novo. E que trilha sonora magnífica, ela da o tom musical certo para cada cena do filme. Chambre 6095 evoca-me ao coração os sentimentos que até hoje sinto com a abertura de Lars Von Trier’s Melancholia. Assim que terminar este texto já a estarei baixando-a.
Marine Vacth está absolutamente formidável, e a título de uma curiosidade inútil, eu me senti encantado com sua incrível beleza, mesmo tendo um porte tão magérrimo que normalmente não é a minha preferência em termos de beleza feminina. Enredo a serviço da personagem, e é bem isso com Isabelle visto que tudo gira em torno e em função dela. Como muitas adolescentes ela não se da muito bem com a mãe e o padrasto, mas é muito apegada ao irmão menor, e um pouco a melhor amiga. Ela aparenta algo peculiar e muito curioso, uma imensa dificuldade de se ligar afetivamente num relacionamento amoroso, e apesar disso seu desejo sexual é muito intenso. Somente uma vez eu tinha conhecido um caso parecido. Sua primeira vez foi algo vazio e banal, enquanto que a maioria das pessoas tende a achar algo especial, mas para ela não houve qualquer vinculo sentimental, muito pelo contrário é como se ela desenvolvesse repulsa por seu parceiro.
Com a prostituição ela não tem que trilhar todo o caminho de desenvolver um relacionamento, pois com seus clientes tudo está em pratos limpos, não há a hipocrisia pudica e romântica das relações amorosas. E no evoluir dessas interações ela encontra o seu próprio prazer, e aquele cliente que ela prefere por lhe dar mais carinho, como ela própria diz, mas um infarto mudou tudo isso. E do mesmo modo que o que ela chama de vida veio através da prostituição, à morte também veio. E nisso ela sentiu-se culpada e suja, mas não pela venda de seu corpo, mas sim por acreditar ter sido quem matou o outro, sentiu-se uma assassina de alguém que gostava.
Ela não precisava do dinheiro para nada, e nem aparentava ter planos de usá-los, mas sentiu-se lesada (e com razão) de sua mãe tê-lo confiscado, e quantos de nós não permanecemos prostrados quando o fruto de nosso trabalho é levado embora como se fosse algo direito e natural? Mas onde estão nossos culhões ante aqueles que só nos usam e exploram? E fora a questão do dinheiro, o seu envolvimento no mundo da prostituição fez com que muitos problemas familiares e relacionais se manifestassem, e olhando dessa forma até mesmo aqueles que olham para a prostituição com maus olhos seriam obrigados a reconhecer males que vem para o bem.
Obviamente por ser um filme Frances a sexualidade é exposta sempre da forma mais honesta possível. Não há o menor sentido em tratar o tema mais importante da nossa existência com tabus e preconceitos, acaso somos assexuados? Não, e qualquer que diga que nunca sentiu desejo por quem quer que seja estará mentindo. Mas agora quero falar da palavra puta que é usada no filme a exaustão para todo tipo de situação e comportamento, eu quero fazer uma pergunta: Quem é a mais puta, aquela  a receber dinheiro para transar com desconhecidos, ou a que usa o sexo (seja conjugal ou extraconjugal) para dizer a si mesmo e a todos que é amada, tem uma vida feliz, ainda que suas práticas devam permanecer ocultas, pois se reveladas arruinaram seus relacionamentos? Infelizmente o que mais se vê em termos de pessoas comentando obras que expõem a sexualidade são comentários pré-fabricados, e reproduzidos por pessoas sem coragem ou capacidade de pensarem e problematizarem os temas que nos são importantes e fundamentais.
Na primeira vez que eu ouvi falar desse filme, era um comentário sobre a nova parceria de François Ozon e Charlotte Rampling, entretanto ela para minha surpresa só apareceu nos últimos dez minutos do filme, e com fantástico brilhantismo quase rouba a cena que praticamente foi exclusiva de Isabelle. E por falar na faiscante interação das duas, eu não estou bem certo de ter entendido a seqüência final, eu fico pensando em teorias: 1° Foi tudo uma fantasia de Isabelle? 2° O encontro foi real, mas se aconteceu por que terminou como terminou? Qual a intenção e significado por trás de tudo isso? Ao final desta Obra de Arte uma afirmação que eu me sinto seguro em fazer é de que através dela eu consegui entender a última frase de Sasha Grey em Juliette Society “Sexo é o grande equalizador”.

Aos interessados segue os links donde baixei o filme (recomendo a opção em MKV) e sua trilha sonora.

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